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Rumo à Páscoa com espiritualidade e compromisso com a Casa Comum

A Quaresma é um tempo de preparação, penitência e renovação espiritual, onde os cristãos são chamados a viver a conversão em suas vidas, olhando com profundidade para si mesmos e para o mundo ao seu redor. Este período nos conduz para a Páscoa, a celebração maior da nossa fé, que nos lembra da ressurreição de Cristo e da promessa de vida nova. No entanto, a Quaresma de 2025 chega com um desafio ainda mais profundo e urgente: o convite à reflexão sobre a “Ecologia Integral”, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que nos leva a repensar nossa relação com a criação, com os outros e com o próprio Deus.

Este convite à ecologia integral ecoa fortemente os ensinamentos do Papa Francisco em sua encíclica Laudato Si’, onde ele nos chama a uma profunda conversão, não apenas pessoal, mas também comunitária e ambiental. A crise ambiental, que afeta as populações mais vulneráveis do planeta, não é uma questão distante ou abstrata, mas algo que diz respeito a todos nós, e é por isso que o Papa, em Laudato Si’, afirma que “tudo está interconectado” (LS, 91). A destruição da natureza, o desperdício desenfreado e as injustiças sociais que resultam dessa degradação não são problemas isolados, mas refletem uma crise de humanidade, onde o ser humano perde seu lugar e sua responsabilidade diante de Deus e de sua criação.

A ecologia integral proposta pelo Papa Francisco vai além da simples preservação do meio ambiente; ela é uma forma de viver em harmonia com a natureza e com os outros seres humanos, especialmente os mais pobres e excluídos. O Papa diz que a solução para a crise ambiental não pode ser apenas técnica ou política, mas deve envolver uma mudança profunda no modo como vivemos: “A crise ambiental é também uma crise ética” (LS, 119). Durante a Quaresma de 2025, somos convidados a olhar para dentro de nós mesmos e refletir sobre como nossas ações cotidianas impactam o planeta. É um momento de penitência, mas também de conversão para uma vida mais simples, mais solidária e mais justa.

A espiritualidade quaresmal, em sua essência, é um convite ao aprofundamento da relação com Deus, mas também com o próximo e com a criação. Como nos lembra o Papa Francisco em Laudato Si’, “o amor por Deus e o amor pelo próximo são inseparáveis, e a terra é nossa casa comum” (LS, 70). Nossa relação com a criação deve ser marcada por respeito, compaixão e responsabilidade. Não se trata apenas de uma questão de fé, mas de justiça social e ambiental. O tempo quaresmal, então, se torna uma oportunidade única para refletirmos sobre como nossas escolhas podem contribuir para a cura da nossa casa comum e para a promoção de um mundo mais justo.

O Papa Francisco nos exorta a uma “espiritualidade ecológica”, onde cada gesto, por mais simples que seja, é um ato de cuidado e amor pela criação. Isso inclui desde a maneira como consumimos até a forma como nos relacionamos com os outros seres humanos, especialmente aqueles que vivem à margem da sociedade e são os mais afetados pelos danos ambientais. Na Quaresma de 2025, podemos começar a viver essa espiritualidade, adotando práticas que reduzam nosso impacto no meio ambiente, como o uso consciente de recursos naturais, a redução de desperdícios e o incentivo a alternativas mais sustentáveis. São ações que, quando praticadas de forma coletiva, têm o poder de transformar não apenas nosso estilo de vida, mas também as estruturas sociais e econômicas que perpetuam a desigualdade e a exploração.

Enquanto caminhamos para a Páscoa, a grande festa da ressurreição, somos chamados a ressuscitar também em nossos corações uma nova mentalidade, uma nova forma de ver o mundo. A Quaresma não é apenas um período de abstinência e sacrifício, mas um convite para renovarmos nossa relação com Deus e com a criação, reconhecendo que, ao cuidar do planeta e das pessoas, estamos também respondendo ao chamado divino para sermos co-criadores e agentes de transformação no mundo.

O convite da Campanha da Fraternidade 2025, que coloca a ecologia integral no centro da reflexão quaresmal, é um chamado urgente à ação. A verdadeira conversão quaresmal, portanto, exige que olhemos para a Páscoa não apenas como um momento de celebração da ressurreição de Cristo, mas como um marco de nossa própria ressurreição em Cristo, uma ressurreição que nos leva a cuidar de nossa casa comum, a promover a justiça e a paz, e a viver de maneira mais harmoniosa com o meio ambiente.

Ao nos aproximarmos da Páscoa, que nossa caminhada quaresmal seja marcada por um compromisso sério com a ecologia integral, promovendo a cura da nossa terra e a dignidade de todos os seus habitantes. Assim, como Cristo venceu a morte, podemos também vencer os desafios ambientais e sociais que afligem nosso mundo, vivendo de forma mais justa, solidária e sustentáveis para as futuras gerações.

Pe. Maximiliano Delfino Candido, scj

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