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Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido

Amados irmãos e irmãs, devotos e devotas de São Judas Tadeu, assim como nos exorta o nosso santo apóstolo e mártir, São Judas Tadeu, em sua carta, aprofundemos o conhecimento de nossa preciosa fé (cf. Jd vv.20) para que nos sirva de perfeito critério para discernir nossas condutas de vida. Para isso continuamos nesta edição, nossas meditações sobre a oração de Jesus, o Pai-nosso. Falaremos sobre a segunda parte da oração, o segundo dos quatro pedidos que ao Pai dirigimos em relação à nossa convivência humana: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.”

Recordemos sempre que o Pai-nosso é a oração de Jesus; quando a rezamos, sempre rezamos nele, com ele e por ele. Os discípulos, percebendo a grandeza, beleza e profundidade dos mistérios divinos, no seguimento do Mestre e Senhor Jesus, à certa altura se reconhecem incapazes de rezar. Assim, maravilhados e ao mesmo tempo, notando que Jesus demonstra intimidade perfeita com o Pai, pede-lhe que os ensine a rezar como convém. Jesus então apresenta-lhes o Pai-nosso.

Recordando esse pano de fundo, agora podemos compreender melhor os significados desse segundo pedido que fazemos no Pai-nosso: que Deus nos perdoe como perdoamos a nossos irmãos. Aparentemente parece que a condição para que Deus nos dê seu perdão parta de nossa atitude de perdoar aos irmãos. Mas não se esqueça do nosso pano de fundo. A oração é de Jesus, portanto, na verdade, considerando o que se prefaciou acima, estamos pedindo assim: “Perdoai-nos Senhor, como Jesus nos perdoa.” E como Jesus nos perdoa, e deseja que sempre perdoemos como ele? Esse ensinamento está claríssimo em outra ocasião, quando os mesmos discípulos perguntam (parafraseando): “Quantas vezes devemos perdoar a nosso irmão quando ele pecar contra nós, nos ofender, nos trazer algum prejuízo? Até sete vezes?” (cf. Mt 18,21-35). Repare que os discípulos já compreendem que sete vezes é, no principio judaico, um perdão que seja pleno, perfeito, sem mágoas, ressentimentos. É um perdão, de fato, virtuoso e nobre, humanitário ao extremo.

Jesus, no entanto, dá um salto extraordinário, humanamente impossível. Ele fala de um perdão que é divino, tratando-se justamente da Misericórdia do Pai, que já se encontra bem mais explícito nos episódios da cura do paralítico (cf. Mc 9,2), da mulher adúltera que seria apedrejada, de Maria Madalena que banhou seus pés de perfumes e carinho (cf. Lc 7,47) da preciosa parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32). Jesus então respondeu naquela ocasião: “Não só sete vezes, mas setenta vezes sete” (cf. Mt 18,20-22), ou seja, o perdão perfeitamente humano não é suficiente e satisfatório para os que o seguem. Ele é muito mais exigente, infinitamente mais: sempre.

O que disso podemos concluir: Nós não somos capazes de perdoar senão Jesus. Daí a oração ao ser rezada deve ter o seguinte sentido: “Perdoai-nos Senhor as nossas ofensas, assim como Jesus, o Cristo nos perdoa”. Porque antes do nosso perdão aos que nos ofendem, Ele já perdoou. Quem sou eu para não perdoar quem foi perdoado pelo próprio Deus? Por acaso sou maior que Deus para não conceder o perdão ao mais cruel dos seres humanos que possa existir na face da terra? Evidentemente que não. Por isso, só se pode rezar o Pai-nosso quem faz a experiência da Misericórdia do Pai. Ninguém melhor que Jesus que nos proporciona essa experiência todos os dias, se nos colocamos diante da sua presença.

Se notarmos bem, para grande parte das experiências do nosso dia-a-dia, o perdão, a reconciliação nossa conosco mesmos, nós com os irmãos e muitas circunstâncias da vida, nos exigem uma experiência profunda do perdão de Deus. Do perfeito perdão, que ainda no superlativo, “perfeitíssimo perdão”, não consegue dar conta da grandeza da Misericórdia Divina, que é de fato, o Seu perdão.

A expressão mais visível desse perdão é, sem dúvida, Jesus, sua pessoa, viva e presente no meio de nós por seu Santo Espírito. À medida que vamos aprofundando nosso relacionamento e conhecimento de Jesus, pelos inúmeros sacramentos e sacramentais que nos conectam a Ele, vamos amadurecendo a verdadeira experiência do perdão divino, na experiência do perdão humano. “A quem muito foi perdoado, muito foi amado” (cf. Lc 7,47). Perdão, Misericórdia, Amor, são faces de um mesmo dom divino que Jesus nos dá como processo de Salvação.

Participar da comunidade, vivenciar os sacramentos e os sacramentais da Igreja, ter uma relação íntima e filial com Deus, viver uma vida de oração, de uma busca intensa de nosso Senhor Jesus por sua Palavra e nos irmãos mais necessitados, atirar-se numa atitude de caridade sem reservas, nos abrem caminhos extraordinários da oração de Jesus, que se faz vida em nossa vida.

Por isso, rezar a Oração do Pai-nosso é rezar a oração das orações, porque sempre nos põe na dinâmica das virtudes da Esperança: Temos acesso a tudo o que Deus nos oferece, porém não damos conta de acolher tudo de uma só vez, então fazemos em partes, em pequenas degustações dia-após-dia, perseverantes. Da Caridade: A resposta imediata à necessidade urgente de um irmão que está próximo. Da Fé: Adesão e busca a partir do encantamento racional, afetivo, interior das realidades relacionadas a Deus desde a natureza até a religião. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, nossa oração vai encontrando eco em nossa alma e transformando nosso ser, aproximando-nos cada vez mais do seu projeto para nós, sermos verdadeiramente imagem e semelhança de Deus que é plenitude do amor e plenitude do perdão.

 

Claudemir Marcel de Faria

Colaborador do Santuário São Judas Tadeu pelo Dep. de Comunicação e Marketing, Teólogo Especialista em Liturgia e Gestão do Terceiro Setor

@claudemirdefaria

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