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SANTIFICADO SEJA O NOME DO SENHOR!

A santificação do nome é, pois, obra do próprio Deus, mas exige nossa cooperação

A “Oração do Senhor” ou tradicionalmente conhecida como “Oração dominical” sintetiza a vida de Cristo e encerra o seu ensinamento. Pois a oração por ele mesmo ensinada, tornou-se a oração dos cristãos e consequentemente de toda Igreja. A oração do Pai-Nosso ganhou também um caráter universal ao ser destinada a todas as pessoas de todos os tempos e lugares, sem distinção de raça, língua, cultura, religião, classe social, etc.

No contexto da iniciação cristã, esta oração era entregue aos catecúmenos, para que ao renascerem da água e do Espírito aprendessem a chamar a Deus de Pai, fazendo parte da família de Cristo: a Igreja. E assim, pudessem também experimentar a fraternidade querida e vivida por Jesus. Nesta oração, guiados pelo Espírito de Jesus e iluminados pela sabedoria do Evangelho, ousamos chamar a Deus de Pai.

Desta confiante ousadia de invocar a Deus como Pai que está nos céus, a oração se prolonga com os sete pedidos, sete bênçãos que traduzem nossa fé inabalável, nossa esperança que nos anima a confiar na providência e misericórdia de Deus, que é Pai.

Depois de obedecer a palavra de Jesus e de ser formados por seu divino ensinamento, nos colocamos na presença de Deus nosso Pai para adorá-lo, amá-lo e bendizê-lo com Espírito filial elevando a ele de coração os sete pedidos desta oração que Jesus nos ensinou. Os três primeiros pedidos são mais teologais, ou seja, nos atraem para a Glória do Pai; os outros quatro pedidos nos indicam o caminho para o Pai, nos fazendo enxergar nossa miséria diante da Graça.

Abrindo a série de pedidos, o primeiro deles suplica: santificado seja o vosso nome. Quando falamos de santificar o nome de Deus, não se trata de tornar Deus santo. Pois ele é santo em sua essência e natureza. Sua presença nos santifica de modo que ele merece nosso reconhecimento e deve ser tratado de maneira santa. Por Deus ser santo, o santíssimo, ele é digno de adoração, louvor e ação de graças.

Desde o primeiro pedido ao nosso Pai, somos lançados no mistério íntimo de sua divindade e no plano salvífico da humanidade. Pedir-lhe que seu nome seja santificado, nos compromete na decisão prévia que lhe aprouve tomar para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor.

Antes de louvar, bendizer, exaltar, encontra-se por vezes o verbo santificar. Assim, quando anuncia a Israel o que o Senhor está para fazer, Isaias afirma: porque, quando virem nele minha obra, bendirão o meu nome. Glorificarão o santo de Jacó (Is 29,23), ou seja, Deus será reconhecido como o santo por excelência, o único Deus, que transcende toda a realidade humana e terrestre.

Antes de tudo, porém, é o próprio Senhor que santifica o seu nome, como se lê em Ezequiel: Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor, quando sob seus olhares eu houver manifestado minha santidade por meu proceder com relação a vós (Ez 36,23).

Israel sofreu as consequências de sua infidelidade ao Senhor com a derrota e o exílio; desse modo, o próprio nome de Deus foi profanado, porque os povos pagãos desprezaram o Deus de Israel. Agora, porém, o Senhor garante: É assim que manifestarei a minha glória e a minha santidade, revelando-me aos olhos de inúmeras nações, a fim de que saibam que eu sou o Senhor. Farei assim conhecer meu santo nome no meio do meu povo de Israel, sem mais deixá-lo profanar. As nações saberão assim que sou eu o Senhor, santo em Israel (Ez 38,23; 39,7).

Quando os filhos de Israel houverem sido purificados e voltarem a morar em suas cidades, então as nações saberão que eu sou o Senhor, que reconstruí o que estava em ruínas e replantei o que estava baldio. Sou eu, o Senhor, que o digo e o farei (Ez 36,36). Deus mesmo, portanto, santifica o seu nome, mostrando aos povos a sua grandeza e a sua potência.

São Cipriano sublinha a relação entre a santificação do nome de Deus e a santificação do homem, que emerge nos textos de Ezequiel. Por isso comenta: Quem poderia santificar a Deus, uma vez que ele é quem santifica? Mas, extraindo inspiração destas palavras: ‘Sereis para mim santos, porque eu, o Senhor, sou santo’ (cf. Levítico 20,26), nós que pedimos que, santificados pelo batismo, possamos perseverar naquilo que começamos a ser… (De oratione Dominica 12).

Mais claramente ainda, São Pedro Crisólogo (século V) ensina: peçamos que o nome de Deus seja santificado em nós por nossa vida. Com efeito, se vivermos com retidão, o nome divino é bendito; mais se vivermos na desonestidade, o nome divino é blasfemado, conforme diz o apóstolo: Por vossa causa o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos (Rm 2, 24) (Discorsi 71).

A santificação do nome é, pois, obra do próprio Deus, mas exige nossa cooperação. Realiza-se no tempo e na história: antes de tudo, na Páscoa de Jesus; além disso, na vida da Igreja, graças a ação do Espírito Santo, que renova o coração humano.

O nome de Deus será plenamente santificado somente no futuro último, quando ele será tudo em todos (1Cor 15,28) e todas as criaturas que estão no céu, na terra cantarão o louvor eterno: Àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos (Ap 5,13).

Pe. Geovane Inácio dos Santos, scj

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