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Professamos um só batismo (parte I)

O Espírito de amor nos filia pelo batismo e pela adesão de fé.

Os sacramentos, sejam de forma direta ou indireta, são alicerçados na pessoa de Jesus Cristo (cf. Sacrosanctum Concilium 7). Jesus é o centro de todos os sacramentos, bem como, a eficácia sacramental depende exclusivamente da ação da graça divina, que conta com a resposta humana para sua real eficiência. “Graças a uma ação eficaz de Deus (virtus Dei), os sinais da ordem da criação conseguem produzir, na ordem da redenção, o que eles designam; e eles designam o que realizam (efficiunt quod figurant; significando causant)” (MÜLLER, Dogmática católica, 2015, p. 444).

Tudo nos foi revelado por Jesus Cristo e todo o conteúdo da ação sacramental está alicerçado na pessoa d’Ele. É missão da Igreja guardar a mensagem revelada e transmiti-la de forma certa e transparente aos seus fiéis, especialmente por meio dos sacramentos.

Assim, “a doutrina da fé revelada por Deus não foi proposta como uma descoberta filosófica a ser expandida pela reflexão humana, mas como um depósito divino, confiado à Esposa de Cristo, para que ela o guarde e a apresente infalivelmente (SESBOÜE, História dos dogmas, 2006, p. 256).

A comunidade dos filhos de Deus é configurada a Cristo, além da adesão, também pela graça sacramental do santo batismo (cf. 1Cor 1,13; 3,23; 6,11; 2Cor 10,7). “O batizado é assinalado com o selo de Cristo e do Espírito e obrigado a uma vida no Espírito” (MÜLLER, p. 444).

Pelo batismo nos tornamos propriedades de Cristo. No batismo a humanidade é reformada em Cristo e Cristo vive no ser humano pelo Espírito (cf. Ef 6,10-20; 2Cor 1,22; Gl 5,22; Rm 8,5-11). O ser humano não se pertence mais, mas sim a Cristo (cf. Gl 3,27; Cl 3,9-10).

O batismo é entendido como o sacramento que abre as portas da vida cristã ao crente, incorporando-o à comunidade católica, ao grande Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja em si, do qual Cristo é a Cabeça (Christus totus caput et corpus).

A constituição dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II afirma que “pelo batismo, os fiéis são delegados ao culto da religião cristã em virtude do caráter, e, regenerados para serem filhos de Deus, são obrigados a professar diante dos homens a fé que receberam de Deus pela Igreja” (LG 11).

Cristo fundou a sua Igreja e enviou o seu próprio Espírito sobre a comunidade dos filhos de Deus (cf. Ef 4,4; 1Cor 12,13.27). Se somos filiados na adesão ao projeto revelado, também há uma filiação sacramental no batismo, bem como uma filiação pela pneumatização (cf. At 1,5). O Espírito de amor nos filia pelo batismo e pela adesão de fé. Portanto, a dimensão eclesial se torna ponte de acesso à economia da salvação, por meio da dimensão sacramental.

O batismo se configura com a morte e a ressurreição do ser humano por meio da imersão na água, isto é, a imagem simbólica sacramental da morte de Cristo que nos faz participar do mesmo acontecimento; desta maneira, somos sepultados com Ele na morte e ressuscitamos dentre os mortos pela glória do Pai, para vivermos uma vida nova (cf. Rm 6,3-4).

O batismo também é transformação no Espírito, pois somos todos batizados no Espírito. Após o batismo o ser humano é incorporado na Igreja e em Cristo, como membro de seu corpo. O batismo é a justificação e o perdão dos pecados, ou seja, é a morte de todo pecado e a luta contra o pecado. Ele é um selo da conversão e da fé.

O batismo é dom e resposta do homem que revela o mistério da salvação. Iluminados pelo Espírito Santo no batismo nós respondemos ao evangelho de Cristo, nos configurando filhos de Deus, no único Filho, Jesus Cristo (cf. Rm 4,11; 2Cor 1,23; Ef 1,13; 4,30; Jo 6,27; Rm 8,14-17.27-30; Gl 4,4-6). É o Espírito Santo que testemunha que somos filhos de Deus, (cf. Gl 4,4-9), portanto, chamamos Deus de nosso Pai. Consequentemente, ninguém pode ter Deus por Pai se não tem a Igreja por Mãe (cf. LG 6).

O valor sacramental do batismo e todas as instâncias que ele toca somente tem razão de ser, não pelo elemento água apenas, mas por ser realizado em nome da Trindade. Afinal, a Igreja acredita e assim anuncia, que Deus é trino e uno, de uma única natureza se faz Deus em três pessoas inseparáveis. Todo sacramento possui uma realidade trinitária em si mesmo, isto é, nele intervêm Pai, Filho e Espírito Santo.

Todo sacramento tem uma realidade eclesiológica, porque toca na Igreja universal. A Igreja possui a função de servidora da missão e da salvação. A Igreja proclama a palavra de fé e expressa ao mesmo tempo sua fé (cf. Mt 5,13-16). Portanto, todos os sacramentos da Igreja são realidades salvífico-eclesiais. “Na medida em que Cristo preenche a Igreja, seu corpo, com sua presença salvífica, (Ef 1,23), ela é sinal e instrumento da mais íntima união da humanidade com Deus e das pessoas entre si” (MÜLLER, p. 461). A celebração do sacramento tem uma manifestação na realidade de toda a comunidade reunida. Os sacramentos são realidades comunitárias por serem também realidades eclesiais.

Padre Rarden Pedrosa, SCJ é pós-graduado em Ontologia, Psicologia Educacional e Gestão Educacional; bacharel em Filosofia, Teologia e Teologia eclesiástica. Atualmente é Vigário Paroquial no Santuário São Judas Tadeu, São Paulo-SP; professor de alemão na KNN Idiomas, membro e conselheiro fiscal da Associação Dehoniana Brasil Meridional; editor adjunto da Revista Território Acadêmico da Faculdade Dehoniana, Taubaté-SP.

7 Comentários
  • Luiz Carlos T de Matos
    Postado em 15:50h, 15 março Responder

    ótimo texto, parabéns, aguardamos as próximas.

  • Antonio Carlos Gottardo Ladeia
    Postado em 17:38h, 15 março Responder

    Deus pai Deus Filho Deus Espírito Santo uma só pessoa em Espírito invocamos e Adoramos em verdade e vida e Morte de Cruz. Amém

  • Denílson Tadeu miranda
    Postado em 18:47h, 15 março Responder

    Muito Bonito , glória a Deus.

  • Viviane Sartori
    Postado em 19:41h, 15 março Responder

    Gostei muito do texto.

  • Julio Laureano das Chagas
    Postado em 20:18h, 15 março Responder

    Se não formos batizados, não seremos verdadeiros Cristãos.
    Por tanto é obrigação dos pais , batizar os filhos, na Igreja Católica. A única fundada pelo Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu creio, Amém.

  • Alaides Santos Gimenes
    Postado em 21:12h, 15 março Responder

    Somos filhos de Deus através do batismo e dos sacramentos, somos selados, carimbados, . O Espírito Santo nos dá essa fortaleza para continuarmos povo de Deus.

  • Helena Pauliello
    Postado em 23:51h, 15 março Responder

    Gostei muito. Sou catequista de adultos em São Judas e Leiga Dehoniana. Porém no momento por causa da pandemia, estou morando no RGS com meu filho e neto.
    Sinto muita falta do meu trabalho na comunidade.
    Se Deus quiser, retornarei ainda.
    Glória a Deus !

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