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Cinzas para quê?

Com muita facilidade, nós católicos mudamos o significado dos nossos símbolos litúrgicos. Se, por um lado se nota falta de formação para o povo, por outro, desafia a necessidade de aproveitar todas as chances e meios para suprir a falta de formação. Em 2023, iniciaremos a Quaresma em 22 de fevereiro, e torna-se importante apresentar o significado de para quê as Cinzas na abertura da Quaresma. 


Cinzas para quê?

Há bom tempo, que entrou o costume de mudar o significado dos símbolos litúrgicos para um significado que não têm. Por exemplo, cinzas virou remédio.

O significado das cinzas vem do Povo de Deus do Antigo Testamento que usava cinzas em sinal de penitência e conversão (cf. Est 4,1-3; 17). Quando o povo se afastava dos compromissos com a Aliança com Deus, os profetas chamavam a atenção para a volta aos compromissos. O sinal de que o povo se convertia de volta aos compromissos com Deus era este de atender aos profetas, arrepender-se e volta a Deus com a cabeça coberta com cinzas.

Cinzas também tem o significado de fim: “Sobrou pó e cinzas”. Lembra que nosso corpo terminará um dia em cinzas. Usando cinzas, as pessoas se reconhecem que hão de “virar pó e cinzas”. Nossa Igreja mantém o uso litúrgico de cinzas por causa desses significados e por ser um antigo símbolo bíblico.

Hoje, as cinzas são usadas como demonstração de penitência pelos erros e conversão do caminho errado para o certo. Nós queremos mostrar externamente o reconhecimento da nossa fragilidade e o motivo por que confiamos na força da graça de Deus. Receber cinzas é ter disposição no coração e na vontade, para renovar a vivência cristã.

A Quaresma é o tempo em que a pessoa e a comunidade procuram fazer uma análise de como estão vivendo seus compromissos do Batismo. Tendo reconhecido as infidelidades, pessoas e comunidades decidem que não podem continuar infiéis. Propõem-se uma renovação pessoal e comunitária. Receber cinzas, então, é um sinal externo de que a pessoa e a comunidade se comprometem com o espírito de penitência da Quaresma. Receber cinzas, portanto, é reconhecer em público a condição de pecadores. Mas pecadores que querem entrar em processo de transformação.

Da análise da vida, surge a decisão de se emendar; e aparece a vontade de voltar ao caminho da vida cristã. Isto é o que se chama de conversão. Converter-se é voltar ao bom caminho de antes.

No Brasil, a Campanha da Fraternidade indica o caminho para retornarmos à fraternidade rompida em algum aspecto da vida social. Os compromissos do Batismo são compromissos com o projeto de fraternidade que Cristo trouxe ao mundo. A Campanha da Fraternidade é a maneira mais concreta possível de a gente fazer uma boa Quaresma.

As pessoas e as comunidades vão se perguntar como anda a prática da fraternidade. Todas as pessoas são tratadas como irmãos e irmãs que se respeitam e têm os mesmos direitos e deveres? No caso de ter de mudar, quais novos rumos assumir? Se não for para isso, para que receber cinzas?

RecomendaçãoDepois desta reflexão, procure algum fato de sua vida que esteja preocupando. Ligue-o com a Palavra que você refletiu e comprometa-se com as decisões necessárias. Cada ano a Campanha da Fraternidade aponta uma necessidade que precisa da nossa fraternidade com ações transformadoras.

Texto de Pe. Augusto César Pereira,scj – Sacerdote Dehoniano falecido em 05 de julho de 2016


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