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Discernimento na luta contra o verdadeiro mal

A luta contra o mal na vida cristã

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja Louvado e Sua Mãe Maria Santíssima!
Antes de tudo, um convite: unamo-nos aos arcanjos de Deus para vencer as nossas fragilidades e bem servir ao Senhor Jesus na luta contra o mal.

Na atitude profundamente cristã que vem do coração do bom samaritano a Igreja ressalta importância das obras de misericórdia espirituais e corporais , lembrando que somos chamados a medir-nos com a prática delas e provar a nossa caridade.
Entre as diversas formas de aplicação das obras de misericórdia, é dada especial atenção a luta contra o mal. Neste caminho de nos assemelharmos a Cristo Senhor, apresento algumas batalhas para vencermos com Cristo.

O mais visível campo de batalha do nosso tempo é a carência de amadurecimento humano/espiritual. O povo sente-se atraído par Deus, mas não sabem o que querem. Faltam os pontos históricos para integração, para formar o alicerce. É preciso enfrentar as causas para buscar os remédios.

Por isso, é preciso levar a vida a termo, praticar a liberdade de acolher o Amor e de tornar o Amor dom de si. Para atingir a estabilidade a pessoa humana deve lançar seu olhar para além dos outros e de suas consolações, para além de todas as coisas deste mundo. Por isso, na luta contra o mal e aderindo-nos aos Arcanjos de Deus, apresento alguns bons remédios para o bom combate da fé em Cristo Jesus:

1. Improvisação e o sensacionalismo

A atitude de alguns sacerdotes, consagrados e fiéis leigos que, carentes de formação adequada se dirigem de forma arbitrária a caminhos de libertação, não autorizados pela autoridade eclesiástica competente.

2. Centralidade do Evangelho

É deplorável que alguns, em vez de anunciarem o Evangelho de Jesus Cristo que liberta o homem da escravidão do mal e do pecado, concentrem a sua atenção exclusivamente na presença e na obra do diabo. Estas pessoas, em vez de acompanharem os sofredores num caminho de fé, de oração, de vida sacramental e de caridade, recordando-lhes que “spes non confundit” (Rm 5,5), a esperança não decepciona, levam-nos a acreditar que a libertação depende unicamente de uma atitude compulsiva de orações e de bênçãos , quando, pelo contrário, a paz que vem de Cristo e que todos anseiam só pode ser obtida através de uma vida de caridade, alimentada pela Palavra de Deus, pela oração, pela frequentação dos sacramentos da Eucaristia e da Confissão e de uma devoção autêntica à Virgem Imaculada.

3. Práticas supersticiosas e uso impróprio das realidades sagradas

São culpáveis aqueles que usam procedimentos supersticiosos, pedindo fotos ou roupas para reconhecer possíveis males, tocando determinados pontos do corpo dos fiéis para “diagnosticar a presença de entidades malignas” ou para “expulsar a negatividade”, ou sugerindo o uso indevido dos sacramentais (água benta, sal, óleo, etc.), que alguns chamam de “exorcizados”. São atitudes errôneas, que alimentam mentalidades e práticas supersticiosas, prejudicam a dignidade do corpo, templo do Espírito Santo, e conduzem a um uso mágico dos objetos abençoados, privando-os, de fato, do real significado que pretende evocar a presença salvífica do Cristo.

4. Envolvimento de personagens inadequados

É inaceitável que alguns sacerdotes designam a estes “personagens” a tarefa que a Igreja lhe confiou, ou seja, a do discernimento com autoridade de uma verdadeira ação demoníaca extraordinária, à qual se acrescenta, em alguns casos, o deixar-se ser guiado por eles para “libertar” do maligno as pessoas sofredoras. Este comportamento é alheio à natureza do Ministério sacerdotal, que exige assumir a responsabilidade pelo sofrimento dos outros encaminhar à diocese.

5. Malefícios

Sem negar a existência real da prática de malefícios, infelizmente mais difundidos na sociedade atual do que se possa imaginar. Rejeitamos a atitude fóbica de quem vê nos malefícios a origem obrigatória de todos os males e infortúnios que podem atingir a vida de uma pessoa. No que diz respeito a este importante assunto, reiteramos que é necessário, em vez disso, centrar a atenção nos remédios da graça oferecidos pela Igreja e no caminho cristão a seguir, lembrando que é fundamental ensinar a quem sofre:
• A certeza da fé de que Deus não abandona a sua criatura que está em provação, mas que de alguma forma sofre com ela e ao mesmo tempo a sustenta e conforta com a sua graça;
• A convicção de que todo sofrimento causado por qualquer mal pode nos afetar na vida, se aceito com amor e oferecido a Deus, transforma o mal em bem. Com efeito, “o peso momentâneo e leve da nossa tribulação nos proporciona uma quantidade imensurável e eterna de glória” (2Cor 4,17), enquanto completamos na nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja (ver Colossenses 1,24).

6. Cura Intergeracional (cura da árvore genealógica)

Embora animados pelas melhores intenções e com o desejo de aliviar o sofrimento das pessoas, alguns padres e até leigos realizam a prática da chamada cura intergeracional, como condição indispensável, sem a qual não pode haver uma cura ou libertação, sem perceber os danos que daí resultam para a sua fé e a das pessoas, bem como as consequências que estas podem sofrer a nível existencial. Vários Ordinários e Conferências Episcopais locais já intervieram nesta área, apresentando as razões doutrinais que demonstram como esta prática não tem fundamentos bíblicos e teológicos. Entre esses posicionamentos, fazemos referência especialmente à mais recente, da Conferência Episcopal Espanhola.

7. Banir o medo

O sacerdote e leigo engajado deve levar os fiéis atormentados a receberem a paz que vem de Cristo. Por isso deve ser o primeiro a ser habitado por esta paz, rejeitando toda forma de temor e educando aqueles que ele acompanha com o seu Ministério a lutar contra isso. O medo, de fato, seja qual for o motivo que o causa, quando cultivado leva ao enfraquecimento da fé e à perda da confiança em Deus. O diabo usa-o para reduzir o homem à escravidão (cf. Hb 2,14-15), enquanto na Bíblia o convite de Deus a não ter medo ressoa pelo menos 365 vezes. Um filho de Deus que tiver medo do diabo na sua vida quotidiana não poderia exercer o Ministério de curo e libertação sem se expor a graves perigos para a sua vida espiritual, sobretudo se, em vez de cultivar a confiança e o abandono total de si mesmo nas mãos misericordiosas de Deus, tentar lidar com esse medo através de práticas mais ou menos supersticiosas.

Unamo-nos na luta com os Arcanjos, que Deus confiou a tarefa de sempre lutar e vencer! Miguel travou a batalha nos céus contra o diabo e o venceu . Gabriel anunciou a Boa Nova a Maria, a Zacarias e a José. Gabriel também nos apresenta os desígnios de Deus, assim como demonstrou a José . Rafael guiou Tobias em uma viagem tranquila e segura. Ao apresentar-se a Tobias, o arcanjo lhe falou: “tenho experiência e conheço todos os caminhos”.

Rafael é o companheiro que nos guia e protege . Santa Igreja assim nos ensina Miguel, Gabriel e Rafael “estão diante de Deus, são os nossos companheiros porque têm a mesma vocação no mistério da salvação: levar em frente o mistério da salvação. Adoram a Deus, glorificam a Deus, servem a Deus”. Confiantes na proteção de Miguel, na Boa Nova anunciada por Gabriel e na companhia de Rafael, possamos encher-nos de força, alegria e conhecimento.

Papa Leão nos recorda: a mal não prevalecerá!
São Miguel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós.
São Rafael, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós.
São Gabriel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós
Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e, um dia, estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.

Pe. Igor Pereira, scj.

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¹ No próximo dia 29 de setembro nossa Igreja celebra a festa dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael. Miguel venceu o demônio; Gabriel anunciou a Boa Nova; e Rafael é o guia por um caminho tranquilo e seguro. Em nossa vocação de serviço e glória a Deus, os três arcanjos estão sempre conosco, assim como estiveram na história da salvação.

² Lc 10,33

³ “As obras de misericórdia são ações de caridade com as quais ajudamos o próximo nas suas necessidades físicas e espirituais (Is 58,6-7; Hb 13,3). Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, assim como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem em particular em alimentar os famintos, em acolher os sem-teto, em vestir os necessitados, em visitar os doentes e os presos, em sepultar os mortos (Mt 25,31-46). Entre estas obras, a esmola aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna: é também uma prática de justiça que agrada a Deus (cf. Mt 6,2-4) Catecismo da Igreja Católica n. 2447.

⁴ O Catecismo da Igreja Católica, n 1078, afirma: “A bênção é uma ação divina que dá vida e da qual o Pai é a fonte. A sua bênção é palavra e dom (“bene-dictio”, “eu-logia”). Referindo-se ao homem, este termo significará adoração e entrega de si mesmo ao Criador em ação de graças”. O significado que o Catecismo da Igreja Católica oferece de bênção é esclarecedor para o nosso propósito: algo que dá vida, que vem do Pai. Unindo os conceitos de palavra e dom, somos ajudados a compreender que o ministério de cura e libertação exercido através da palavra é um dom do Pai: “Se, pois, vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais faz o vosso Pai que está nos céus, ele dará coisas boas aos que lhe pedirem” (Mt 7,11)

⁵ CONFERÊNCIA EPISCOPAL ESPANHOLA – COMISSÃO EPISCOPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, “Sua a misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1,50). Nota doutrinal sobre a prática da “cura intergeracional”, 1 de novembro de 2024.

⁶ Cf. Ap 12, 7-9

⁷ Cf. Mt 1, 20-23

⁸ Cf. Tb 5, 6

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