21 fev Quem é o Pai
Queridos devotos e devota de São Judas Tadeu, Paz, Amor e Misericórdia vos sejam concedidas abundantemente (cf. Jd 1).
Todos os meses traremos uma proposta de aprofundamento sobre o tema que norteia nosso ano de 2022, em preparação para o nosso Jubileu de Prata, de 25 anos da elevação à Santuário de nossa Paróquia São Judas Tadeu. Ano de Graça, oportunidade de fazermos um caminho de fé com mais intensidade e aprofundamos nossa vida devocional com os preciosos tesouros que São Judas Tadeu, juntamente com os outros apóstolos, nos deixou.
Neste ano, nosso mergulho será na preciosíssima oração do “Pai-nosso…” E nesta primeira meditação, olharemos para este “Pai”, a quem Jesus se refere. É importante notar que Jesus usa o pronome “nosso” já identificando nossa condição de irmãos dele e, portanto, filhos deste mesmo Pai.
Aprofundando o sentido da Paternidade
Para muitos de nós, a referência primeira que se tem de pai é a do pai biológico ou daquele avô, padrasto, padrinho ou tio que tenha assumido essa condição de cuidar, educar, prover as condições mínimas necessárias para que nos tornemos pessoas adultas.
Outros também fazem a experiência de cuidar de um pai idoso. Outros fazem uma experiência de orfandade. Mais ou menos positivas, de modo geral, a figura do pai está atrelada à referência masculina de nossa formação humana. Porém, para o povo de Jesus e para as culturas ao redor de seu povo, “pai” tem um sentido mais profundo.
Para o povo de Jesus a palavra pai, “Abba”, designa a figura do “provedor da casa” e da “autoridade” da mesma. E é preciso observar com bastante atenção que o pai está para uma família, um povo, uma nação; e nunca se fala de pai, ou do pai isoladamente. O pai carrega um dom, um chamado, uma vocação e um patrimônio a zelar.
Assim como nas culturas grega e romana, a ideia de pai se deriva na ideia de pátria, patrimônio, patrono. O que designa a identidade de uma família, de um povo, de uma tribo.
Dessa forma, essa concepção é mais complexa do que uma simples atribuição de um papel masculino progenitor biológico. “Pai” para o mundo semita, helênico, romano, é uma identidade, um povo, uma família, um clã, uma tribo, uma nação.
As feições masculinas, ainda que predominantes nestas culturas, não são determinantes. É possível notar feições do feminino que também são atribuídas aos “pais”. O carinho, o amor, a misericórdia, a afetuosidade, também contemplam a essência do “ser pai”.
O dom da paternidade não é exclusivo do progenitor neste sentido. A mãe também participa da paternidade. Nas Sagradas Escrituras, vemos nitidamente que toda a missão recebida pelos patriarcas a serem “pais” de um povo, de uma nação: Abraão e Sara, Moisés e Miriam entre tantos outros… Posteriormente, Zacarias e Isabel, José e Maria, os pais de Jesus.
Paternidade de Deus
Para os religiosos do tempo de Jesus, era inconcebível este conceito de pai, por mais que em alguns momentos o povo fizesse uma experiência paternal de Deus na história da salvação. Mas jamais poderia se referir a Deus com categorias humanas. Porém, Jesus, por ser justamente quem era: o Filho eterno de Deus, trouxe para a humanidade também a concepção divina do Pai.
O Verbo, ao assumir a condição de Filho, na pessoa de Jesus Cristo, tanto no seu modo de ser como no seu modo de agir, deixa claro que Deus é Pai, porém Ele é “O Pai”. Nas feições do rosto do Filho, encontramos o Pai: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,21). Jesus tem um trato com Deus de profunda intimidade, proximidade de união, comunhão. Essa é a grande revolução na concepção de religião que Jesus nos comunica.
A comunhão íntima, constante, próxima e tão amorosa que Ele tem com Deus, o Pai, é-nos entregue com as mesmas proporções que Jesus vive: “Pai-santo guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um” (Jo 17,11b).
Diríamos que, em síntese, a missão principal de Jesus, foi esta: revelar que Deus é Pai e que nele seremos todos filhos de Deus. Este Deus que é o grandioso, o poderoso, o maravilhoso, o inominável, o belo, o magnânimo, o excelso, o supremo, o infinitamente misericordioso, desce nas feições do Filho, que nos dá acesso próximo, íntimo, direto e pessoal com Deus, como Pai.
E na preciosa parábola do Filho pródigo, vemos o grande desejo do Pai: que participemos de sua herança sempre, que sobre nós, indignos e pequenos que somos, acolhamos a dignidade que ele nos dá, no Filho eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor.
Que a experiência da paternidade de Deus, em Cristo Jesus, nos faça crescer na intimidade de filhos e na certeza de que Deus está próximo de nós. Dele temos a herança eterna da salvação e dessa herança podemos usufruir de todos os benefícios para nossa vida, aqui na terra rumo ao Céu.
Que nossa consciência de irmãos deste mesmo Pai, nos faça sermos incansáveis promotores da emancipação da dignidade de todos os que ainda não se descobriram filhos deste Pai misericordioso. Assim seja!
Claudemir Marcel de Faria, Departamento de Comunicação e Marketing da Paróquia/Santuário São Judas Tadeu
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