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Partindo para novos desafios!

O Pároco e Reitor do Santuário São Judas Tadeu – Padre Eli Lobato dos Santos, scj – foi escolhido novo Provincial da Província Brasil São Paulo, da Congregação a qual pertence (Padres do Sagrado Coração de Jesus). Nessa entrevista fala da experiência como Pároco e Reitor de um grande Santuário urbano e do novo desafio que está prestes a assumir, em Agosto. Confira!

  1. Padre Eli, por que o senhor escolheu ser Sacerdote?

Pe. Eli: Foi a catequese para a Primeira Comunhão que despertou em mim a vocação para o sacerdócio. Entrei para participar da comunidade, com 17 anos, e logo assumi uma turma de preparação para a Primeira Comunhão de crianças. E foi ali que fui sentindo que precisava estudar um pouco mais, conhecer, aprender um pouco mais. A partir disso, veio a ideia para o sacerdócio e estou aqui.

 

  1. Como está sendo viver essa trajetória, enquanto religioso dehoniano?

Pe. Eli: A minha trajetória, como religioso dehoniano, predominantemente, tem sido na formação. Vou completar 36 anos de padre em dezembro próximo e desses 36 anos, 25 foi na formação. E trabalhar na formação é uma outra forma de catequese. E os outros 10 para 11 anos nas Paróquias, que também tem uma dimensão catequética. Eu faço a formação, o ensino das pessoas. Uma catequese um pouco diferente do que a catequese para a Primeira Comunhão. Dei catequese para os formandos e dou catequese no serviço paroquial.

 

  1. Foi mais fácil ser formador de novos Padres ou Pároco e Reitor neste Santuário?

Pe. Eli: A realidade sempre apresenta aspectos mais fáceis e mais difíceis. Mudam as facilidades e as dificuldades. Mas seja na formação ou na vida paroquial, outra missão e trabalho. É sempre assim, na vida as pessoas leigas também. Em todas as formas de missão há compensações, gratificações, desafios, dificuldades, problemas. Normalmente não faço comparação. Observo que, nas realidades distintas têm suas dificuldades e suas facilidades próprias. Não acho que uma é melhor que a outra. É a missão! Gosto das duas realidades por onde passei. Gosto das duas grandes missões que realizei, na formação e na Paróquia.

 

  1. Quais são os maiores desafios dos jovens que são chamados para ser Padres hoje, na sua opinião?

Pe. Eli: Há uma carência muita grande de relações afetivas mais sólidas, mais consistentes. Isto em todos os âmbitos. No seio da família cada vez mais se nota, se percebe, que as relações afetivas, sentimentais, não tem sido como poderiam. Em decorrência disso e de outros fatores, os candidatos à vida consagrada, presbiteral, vêm com suas lacunas na dimensão afetiva, emocional, sentimental. Soma-se a isso, nos últimos 60 anos, aquilo que se chama de “revolução sexual”, exacerbou a prática sexual, e a dimensão sexual. Como as dimensões emocional e afetiva vão muito próximas uma da outra, e facilmente resvala uma para o lado da outra. As atividades sexuais tornaram-se mais frequentes e as experiências afetivas mais inexistentes ou inconsistentes. Os candidatos para a vida consagrada e presbiteral, vêm com lacunas na área afetiva, sentimental e muitas vezes com experiências sexuais traumáticas e dolorosas. Isso tem sido uma dificuldade para não poucos dos jovens, seja para a vida religiosa feminina ou masculina. Outro elemento de dificuldade, que as gerações mais recentes, por razões diversas apresentam, é a dificuldade para assumir compromissos duradouros, perpétuos. Na era do descartável, os amores se tornam descartáveis. Os relacionamentos são passageiros. São fugazes. Ora, a proposta de vida consagrada e presbiteral é uma proposta duradoura, de um compromisso perpétuo. Isso também bate numa certa fragilidade das novas gerações. É preciso fazer um trabalho bem feito, sob pena de consequências dolorosas num futuro mais próximo ou mais distante.

 

  1. Como o senhor recebeu a nomeação para Provincial da Província de São Paulo? E o que significa isso?

Pe. Eli: Os religiosos, padres e irmãos de uma Congregação, formam uma irmandade dentro da Igreja, no conjunto do clero. E essa irmandade tem pequenas comunidades que estão numa Paróquia, ou num colégio, ou numa obra, como o Instituto Meninos de São Judas ou numa Faculdade. O conjunto dessas pequenas comunidades, formam um setor, uma pequenina região. O conjunto desses setores formam uma Província, na nossa linguagem. O Superior Provincial da nossa Província, que tem sede em São Paulo, é o superior de todas as comunidades religiosas, dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, que estão em São Paulo, Minas, Rio. Também numa área de missão no Mato Grosso, uma área menor no Pará e uma área um pouco maior no Maranhão. São quase 40 Paróquias, mais de 250 membros, 10 casas de formação. Então o Superior Provincial é o “superior maior” de todas essas comunidades situadas num determinado território. Recebi a nomeação com “temor e tremor”. É uma frase de São Paulo Apóstolo. A missão é bastante grande e sei que é bastante desafiadora e espinhosa. Eu já não sou mais uma mocinho de 40 anos, mas tenho quase 66 anos. Então, acho que isso pesa um pouco mais. Porém, também olho outro lado. Se Deus conduziu as coisas para chegar ao meu nome, me ponho à disposição e digo a Deus: “estou nas Tuas mãos, conduze a minha vida…” E vou tentando compreender o que me compete, como deverei agir ou reagir. Com “temor e com tremor”!

 

  1. Padre Eli, faça um balanço de como foi a atuação no Santuário durante estes anos que aqui esteve como Pároco e Reitor.

Pe. Eli: A minha passagem pelo Santuário, de 3 anos e meio, uma passagem muito rápida, tem uma peculiaridade. Eu cheguei em 2018. Esse ano foi para conhecer a realidade. O Santuário São Judas Tadeu é muito amplo, tem um volume de atividade muito amplo, uma riqueza extraordinária. Para se ter uma ideia, são mais de 60 funcionários, mais de 150 voluntários, mais de 200 agentes de pastoral, um grande grupo, uma grande parcela do povo de Deus. Então 2018 foi um tempo para eu tomar pé da realidade, com suas dimensões pastoral, administrativa e estrutural. O ano seguinte, 2019, foi o ano do planejamento. Junto comigo uma equipe passou a se reunir e fomos desenhando um grande projeto para os anos seguintes. Terminou 2019, começou 2020, que seria o ano para iniciar alguma obra, alguma grande ação. Mas, veio a ameaça da contaminação pela Covid, e a pandemia como um todo. E essa ameaça se estende ainda até o presente momento, um ano e meio depois. O balanço é esse: um ano para conhecer, um ano para projetar e um ano e meio para acomodar as coisas e conduzi-las numa situação completamente incomum, inusitada. Mas, eu acho que foi rico também por isso. Graças a Deus foi possível atender as esperanças de tanta gente, não obstante as tristezas que esse período trouxe.  O lado financeiro? Ah! É admirável como tem sido o povo, sempre muito generoso, solícito aos nossos apelos, aos nossos pedidos. Tenho mais para agradecer do que para pedir.

 

  1. Tem alguma mensagem especial aos devotos de São Judas Tadeu? O que significa ser “devoto” em sua concepção?

Pe. Eli: Nós não somos capazes de fazer coisas boas só com nossas forças individuais. Temos que colocá-las a serviço, ativar nossas potencialidades, nossas capacidades.  Nós precisamos da ajuda uns dos outros, entre nós seres humanos aqui, neste mundo de meu Deus. Precisamos uns dos outros e também da ajuda que vem do Alto. Não é possível viver, e viver com certa densidade, sem a ajuda que vem do Alto. A ajuda que vem do Alto vem também com nossos irmãos na fé, heróis na fé, exemplos e testemunhas para nós. Então, a devoção a um Santo, a São Judas especificamente, é a forma de pedir a força do Alto pela intercessão dele. Nós rezamos no Credo: “creio na comunhão dos santos”. A comunhão dos santos significa a nossa comunhão. Os santos que estamos aqui neste mundo com os santos que estão na eternidade. Um ajuda o outro. Nós rezamos e eles intercedem por nós. Essa é a fé da Igreja. Então ser devoto de São Judas é saber que não somos capazes de fazer coisas boas somente com nossas forças. Precisamos da ajuda dos outros que estão do nosso lado, precisamos da ajuda de quem já passou por aqui e está na glória do Pai. Então São Judas Tadeu é um dos grandes heróis da fé que nos ajuda, nos socorre, com sua poderosa intercessão. E a ele nós nos confiamos. Eu aprendi a amá-lo nesses anos que estou aqui. E naturalmente sou grato a Deus por mais essa riqueza que ele me ofereceu. A quem é devoto, devota, mantenha e alimente a sua devoção. Apegue-se ao nosso Santo Padroeiro, confie a ele suas necessidades, suas lutas. Apresente a ele, ou através dele, a Deus, nosso Senhor, a gratidão que lhes devemos. Muito obrigado!

 

Entrevista concedida a Priscila Thomé Nuzzi e Renata Souza

3 Comentários
  • Julio Laureano das Chagas
    Postado em 23:42h, 28 julho Responder

    Padre Eli, o senhor vai deixar saudades nos devotos do Santuário São Judas Tadeu , pela bela administração feita e pela sua reliogidade e pregações feitas.
    Desejo ao senhor, muitas felicidades na sua nova função na nossa Igreja Católica.
    Que Deus o ilumine e proteja sempre, e o faça muita feliz na sua nova função, Amém.

  • Marcia Mattos
    Postado em 13:41h, 04 agosto Responder

    Puxa, não tem parado muito tempo os reitores do santuário…assim, fica difícil, um trabalho longevo, de mudanças, melhorias pensadas para longo prazo…

  • Maricema Hokama Tupiniquim
    Postado em 11:00h, 10 agosto Responder

    Padre Eli, Deus o abençoe, em sua nova missão.
    Na pandemia, sempre eu e meu marido, acompanhamos as missas pela TV Gazeta. Sempre uma palavra de sabedoria e fé, em suas pregações, para nos orientar e abençoar o povo de Deus. Sou devota de São Judas Tadeu, pois foi minha mãe que me ensinou a ter fé, em Deus através de um intercessor, São Judas Tadeu e também de Maria, a mãe de Jesus e nossa mãe. Obrigada por sua bela missão no Santuario, e Deus guie seus passos em sua nova missão.

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