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Comemorando o 4º dia mundial dos avós e dos idosos

Em vista da comemoração do “4º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos,” instituído pelo Papa Francisco, em 2021, cuja data é, anualmente, celebrada no 4º domingo de julho, próximo à festa de São Joaquim e Santa Ana,  pais de Nossa Senhora e avós do menino Jesus, cabe perfeitamente uma reflexão e partilha sobre  a “3ª Idade,” ou como muitos dizem: “A Idade Melhor.”

Dados estatísticos mostram que a expectativa de vida do brasileiro se alonga, segundo a pesquisa do IBGE. No presente momento, há cerca de 25 milhões de idosos no Brasil. Prevê-se, que nos próximos 20 anos, a cifra poderá dobrar. Envelhecer é um desafio…Devemos aprender e educar-nos para envelhecer, descobrir a arte de envelhecer e saber envelhecer.

O tempo da cadeira de balanço, lendo jornal, a fase do tricô e do crochê, já eram!…Hoje, o idoso participa de atividades, programas, muda de atitudes e hábitos, controla a alimentação, vive a terapia ocupacional, e ainda tem a seu favor o “Estatuto do Idoso,” que prevê garantias, direitos e melhorias de vida. Há tratamentos especiais com filas e espaços para idosos, participam de danças de salão, trabalham como voluntários em instituições beneficentes e filantrópicas, frequentam Universidades de 3ª Idade. A população idosa deve ser ouvida e atendida em seus direitos, necessidades e reivindicações.

Que os “Grupos de 3ª Idade” se multipliquem, acolhendo idosos, valorizando-os pelo que são, pela sabedoria e experiência de vida que têm, por tudo quanto fizeram. Cabe ao idoso cuidar da saúde, procurando alimentação sadia, modos de vida saudáveis, caminhadas e atividades oportunas. A população idosa é portadora do patrimônio histórico e cultural da sociedade, da comunidade e da família. E repito: ela tem sabedoria e experiência de vida acumuladas a oferecer a todos.

Impressiona como há surpreendentes atitudes de discriminação, preconceito e segregação da velhice, por parte de jovens, de profissionais, de empresas… Nas Redes Sociais se vede e ouve verdadeiro “etarismo,” vive-se uma psicose e neurose contra a velhice, que se aproxima, age-se como se envelhecer fosse um terror. E por incrível que pareça, os próprios idosos não se aceitam, se isolam, se sentem deprimidos, e, às vezes, o que é pior, se sentem abandonados e largados pelos filhos em “Casas de Repouso.” Que falta de humanidade!

A velhice é uma fase da vida, como a infância, adolescência, juventude e adulto. Nunca se deve “infantilizar” o idoso. Ele não volta a ser criança. A vida é uma eterna aprendizagem, sem data e idade marcadas para concluir e encerrar. Devemos conviver com os idosos e não viver ao lado deles. Que eles continuem presença viva e edificante na família, na comunidade, na Igreja e na sociedade.

No rosto envelhecido e enrugado pelo tempo e trabalho, devemos descobrir e amar o rosto divino de Jesus Cristo, a beleza da imagem e semelhança de Deus. Convém integrar o idoso na sociedade para que envelheça vivendo a beleza da vida, e não viva envelhecendo; mas acrescentando mais qualidade de vida aos anos, do que anos à vida. Busca-se um segredo para envelhecer de maneira digna, elegante, ao alcance de todos.

No modelo econômico neoliberal, que supervaloriza o lucro, a produtividade, o consumo e a eficiência, o idoso é considerado frequentemente um inútil, um peso para a família, um improdutivo para a sociedade, uma sucata humana, uma mercadoria descartável. Seu abandono se evidencia na precariedade dos serviços e programas sociais e de assistência à saúde. Daí nasce desprezo por ele, desrespeito pela sua dignidade, discriminação social, sua situação se torna um desafio para todos. Cadê a dignidade “infinita” da pessoa, do nascer ao morrer, defendida   pelo Papa Francisco?

A palavra “velho” tem conotação pejorativa. Numa sociedade que idolatra a juventude, a beleza, a força física… Ser “velho” significa estar envolvido num universo de incompreensão, de preconceito, de rejeição e de exclusão. A atração pelo novo e diferente, o fascínio pela informática e internet (às vezes “infernet”), ofuscam a sabedoria e experiência vividas, como se os galhos, folhas e frutos pudessem existir sem a força do tronco e das raízes.

O idoso é mais vulnerável às doenças, à dependência de outras pessoas, ao sentimento de solidão e ao senso de inutilidade. A velhice se caracteriza pelas falhas na visão, lapsos de memória…são limitações da idade.

Envelhecendo, a memória também envelhece. No sentido popular, a memória é um grande armário onde guardamos, armazenamos e arquivamos todas as informações e experiências vividas ao longo da vida. Esse banco de dados, que se localiza e funciona no cérebro, precisa ser exercitado para melhorar o desempenho da memória. É preciso aprender e saber conviver e lidar com possíveis falhas de memória.

Com o alto índice de separação de casais, acrescido da taxa de desemprego, cria-se um quadro de verdadeira asfixia econômica, um colapso, e aí o idoso (vô, vó, tia…) supre com seus parcos rendimentos e pequenas reservas, as necessidades financeiras de filhos e netos…

O Papa Francisco emitiu uma belíssima mensagem para o 4º Dia Mundial dos Avós e Idosos com o título: “Na velhice, não me abandones” (Sl 71,9), verdadeira prece do homem que se sente envelhecer, pedindo que Deus o socorra e auxilie. E, ainda, concede a indulgência plenária a todos os idosos, nas condições normais: confissão sacramental com o sacerdote, missa presencial com comunhão eucarística, profissão de fé (rezar o creio em Deus Pai) e rezar nas intenções do Papa  e da Igreja.

Finalizo com votos de que todos possamos ser portadores de uma mensagem de vida, dignidade, esperança e otimismo para os idosos do nosso Brasil, ao comemorarmos o “4º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.”

Texto: Padre Aloísio Knob, scj.

 
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