fbpx

“Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens por Ele amados!”

O sentido do grande Hino de Louvor na Santa Missa

Saudações queridos devotos e devotas de São Judas Tadeu! Como se pode notar, se você vem acompanhando nossos artigos desse ano, este tema conclui nosso aprofundamento sobre os Ritos Iniciais da Santa Missa. Portanto, para uma compreensão de conjunto, seria importante, caso não tenha acompanhado as edições anteriores, que você as procurasse (site:www.saojudas.org.br) e fizesse conosco esse precioso caminho.

O Hino de Louvor, ou o famoso Glória, é cantado ou rezado nas Liturgias Dominicais, Solenidades e algumas Festas Litúrgicas. É omitido no Tempo da Quaresma e no Tempo do Advento, pois ambos eram para as primeiras comunidades tempos de retiros para os catecúmenos (os que se preparavam para receber os primeiros Sacramentos: Batismo, Crisma, Eucaristia). Assim a comunidade, que acompanhava o processo destes irmãos iniciantes, também se unia a eles em momentos de oração, silêncio, em preparação mais penitente, a fim de que, nos Tempos do Natal, da Páscoa e dos Domingos do Tempo Comum, Festas e Solenidades, cantarem solenemente, como a Grande Doxologia (um louvor completo, com toda sua potência adorante, glorificante, suplicante, de exaltação, cheia de profissão de fé, de gratidão extremamente jubilosa, de felicidade, humildade,  reconhecimento da plenitude da Revelação Divina).

A origem desse precioso Hino, quanto o seu autor, é desconhecido. Ele faz parte dos chamados Salmos autofabricados (hinos que são inspirados no testemunho e na teologia dos primeiros pais na fé cristã e que as comunidades costumavam cantar em suas liturgias). Alguns destes hinos estão registrados na Sagrada Escritura como o Magnificat (cf. Lc 1, 46-55), Benetictus (cf. Lc 1,67-79). São hinos chamados Cristológicos, presentes nas Cartas Paulinas, aos Colossenses, aos Filipenses e aos Efésios.

As pesquisas da Eucologia (ciência que estuda a origem das orações litúrgicas) identificaram pelo menos três versões deste Hino, que eram cantados entre os séculos II e III, porém não dentro da Missa. Era um Hino que as comunidades cantavam na oração da manhã. Dos séculos V ao XI foi introduzido nas Missas, primeiramente na Liturgia solene do Natal e posteriormente nas Solenidades presididas somente com a presença do Bispo, e depois, nas Missas solenes e dominicais. O texto atual data do chamado códice Alexandrino, no século V.

Alguns liturgistas (estudiosos da liturgia), creem que esse códice, derivado das tradições católicas antigas mais orientais, preservam uma contraposição ao simplismo das expressões doxológicas latinas. Explicando melhor: haviam várias expressões trinitárias doxológicas, por exemplo: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Os cristãos das tradições orientais achavam simplórias e incompletas essas doxologias, por não expressar a grandeza e a profundidade que elas deveriam conter. Assim, eles contrapunham, realizando o que eles chamavam de “Grande Doxologia”. Ou seja, que expressava um louvor mais completo.

Com isso, podemos notar a beleza e a universalidade da teologia litúrgica católica romana que incorporou nos Ritos Iniciais da Missa esse Hino. Ele une o Espírito Católico, em sua universalidade.

Quando o cantamos, o fazemos unidos com todas as tradições católicas de todos os tempos e origens.

Segue uma breve explicação das possíveis divisões encontradas no Hino de Louvor:

“Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos homens por Ele Amados”

O início do Hino é um trecho do hino dos anjos na noite do nascimento do Senhor, conforme relata Lucas, no texto evangélico. Expressa a manifestação da Glória de Deus (a realização da sua vontade e desígnio diante da humanidade). Essa Glória é a vinda do Verbo ao mundo, pelo mistério da encarnação.

“Senhor Deus, Rei dos Céus, Deus Pai todo-poderoso. Nós vos louvamos, vos bendizemos, vos adoramos, vos glorificamos por vossa imensa glória”

Neste louvor perfeito que acontecerá em toda a Missa, a Igreja une-se ao Verbo Eterno, Jesus Cristo, no Seu louvor ao Pai. Neste louvor a Igreja reconhece e une seu louvor ao louvor supremo de Cristo ao Pai.

“Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito. Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai”

Nestas expressões a Igreja canta e reconhece o nome do Verbo Eterno de Deus, Jesus Cristo. “Filho unigênito”, porque restaura nossa filiação divina pelo mistério da sua páscoa. “Senhor Deus”, porque a história da salvação o reconhece como Rei eterno de todos os povos. “Cordeiro de Deus” faz menção direta de como Ele redime a humanidade, entregando sua vida em sacrifício perfeito, sua morte, sua entrega perfeita de amor. “Filho de Deus Pai”, assim Ele se revela na conclusão de sua obra de Salvação, Filho de Deus, para nos trazer a proximidade da paternidade de Deus aos homens. Nele, por Ele, com Ele Deus Pai realiza sua Glória.

“Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós”.

A súplica tríplice que aparece em outros momentos na Santa Missa é uma fórmula antiguíssima da Liturgia, que remete ao louvor perfeito, três invocações, três vezes. O número três indica a perfeição da revelação divina. Um louvor trinitário que reafirma a perfeição de Deus e de sua obra.

“Só vós sois o Santo, só Vós o Senhor, Só Vós o Altíssimo, com o Espírito Santo, na Glória de Deus Pai”.

“Só vós” é a preciosa conclusão do louvor, professando a unidade de Deus; as expressões mais excelsas da identificação de Deus, novamente em tríade, concluindo assim uma perfeitíssima doxologia.

Como podemos notar, os Ritos Iniciais têm seu clímax e o atinge numa crescente seu objetivo principal: introduzir os fiéis no mistério da manifestação da Trindade que cria um oásis no tempo e no espaço da Criação para manifestar o seu pleno Amor e Revelação à humanidade que se dá na Liturgia.

Em suma, o Hino de Louvor é um louvor completo, traduzindo em um Hino a grande obra de toda a Liturgia da Santa Missa: a grande Obra do Pai, realizada por Cristo, no Espírito Santo. Ele está reservado para os Domingos, algumas Festas e Solenidades, justamente para ressaltar o grande momento da comunidade que se reúne para o Louvor perfeito a Deus.

Todo louvor, todo engrandecimento de Deus, apesar de não alterar nada na realidade de Deus mesmo, transforma o coração do fiel, o faz reconhecer a obra e o projeto de Deus para o ser humano, que, sem dúvida nenhuma, é trazer-lhe a felicidade plena e a paz verdadeira ao seu coração.

EXERCÍCIO CELEBRATIVO PARA APROFUNDAR A ESPIRITUALIDADE DO HINO DE LOUVOR

Orientações Prévias:

A1. Reúna-se em grupos de, no máximo 5 pessoas, QUE SE CONHEÇAM POR CERTO TEMPO. Pode ser realizado em família.

A2. Prepare um ambiente de oração: baixa luz, velas, uma música instrumental calma.

A3. Componha o ambiente com a Palavra de Deus, algumas flores, velas acesas, de modo que fiquem no centro. Componha o ambiente em círculo

A4. Providencie papel e caneta para todos os participantes.

A5. É importante que entre o grupo se escolha alguém que vai presidir, orientar, coordenar o momento.

B- Momento de Oração:

B1. Iniciar com um exercício de respiração e de concentração. É importante o silêncio, a consciência do corpo, acalmar os pensamentos, criar um clima relaxante, agradável, de profunda concentração.

B2. Eleja alguém do grupo que irá proclamar o Hino de Louvor. Ele fará uma leitura orante, em voz alta, bem pausada e meditativa. Cada um do grupo, enquanto ouve o Hino de Louvor deverá ser convidado a gravar uma frase, ou palavra, que mais tenha chamado a atenção.

B3. Depois em profundo silêncio, cada um partilha a frase que gravou do Hino e diga os sentimentos e o que essa determinada parte do Hino lhe traz à mente e ao coração.

B4. Em seguida, todos rezam juntos, numa só voz, pausadamente.

C- O Rito na Vida:

C1. Faça-se um sorteio de nomes no grupo, como um amigo secreto.

C2. Tendo todos recebido os nomes, começam a escrever no papel, sem que a pessoa saiba, o máximo de atributos, qualidades, habilidades, características positivas, palavras de admiração da pessoa que sorteou. Tente  fazer uma lista de três características admiráveis, três qualidades, três elogios. E importante que este texto seja em forma de oração. Parecido com o Hino de Louvor.

 

D- A grande partilha:

D1. Num segundo sorteio, cada um revela quem foi a pessoa que tirou, e esta é convidada a ficar no centro. A pessoa que escreveu a oração, lerá como uma declaração de carinho e amor por ela.

D2. Em seguida a pessoa que recebeu a oração, colhe o texto e lê em silêncio novamente. Depois de algum momento em silêncio, partilha o que sentiu. Os demais observem a reação da pessoa, deixem-se contagiar pelos sentimentos que brotam desse momento.

D3. Depois que todos do grupo partilharem, retomem o “Hino de Louvor” e rezem novamente. Conclui-se com um grande abraço entre si e com o sinal da Cruz.

 

E- Conclusão:

E1. Todos do grupo, em breves palavras, relatam o que este momento lhe trouxe de novo para sua compreensão do Hino de Louvor.

Claudemir Marcel de Faria – Departamento de Comunicação e Marketing da Paróquia/Santuário São Judas Tadeu

1 Comentário
  • Rosangela Pereira
    Postado em 04:19h, 29 maio Responder

    Muito interessante e enriquecedor aprender a olhar com mais profundidade cada parte da santa missa. Passamos uma vida indo à igreja, muitas vezes, sem refletir nas mensagens embutidas no corpo de cada oração. Excelente sugestão e orientação de aprofundamento em grupo do Hino de Louvor. Acho que também funciona feito com menos gente ou até sozinho. Grata pir compartilhar.

Publique um comentário

WhatsApp chat