29 mar Ritos do início da Santa Missa
O SENTIDO DOS RITOS QUE MARCAM O INÍCIO DA SANTA MISSA
A natureza dos ritos iniciais que antecedem a liturgia da Palavra tem o caráter de exórdio, introdução e preparação. Conforme a IGMR n. 46, a finalidade desses pequenos e breves ritos “é fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembleia, constituam uma comunhão e se disponham a ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”.
Os ritos iniciais expressam e realizam a acolhida que Deus nos faz e também nossa chegada, a apresentação de nossa realidade com fatos concretos através da recordação da vida, de nossa abertura à sua Palavra e disposição interior para na inteireza do ser renovar e firmar a Aliança que o Senhor fez conosco. Aliança estabelecida pelo Sangue do Cordeiro que nos lavou da mancha do pecado pela graça do Batismo.
A assembleia de batizados, eleitos e chamados vai se constituindo corpo comunitário, povo sacerdotal, animado pelo Espírito Santo na diversidade de dons, carismas e ministérios, para ouvir a Palavra, orar, agradecer, adorar, oferecer, cantar a uma só voz, a um só coração, a uma só alma.
O grande objetivo e o principal sentido dos ritos iniciais é tornar visível e sensível esta realidade simbólica de ser um povo unido, uma Igreja de comunhão e participação, toda ministerial, fraterna, igualitária e uma nação santa. Em suma, podemos dizer que o significado dessa sequência inicial possui dupla índole: de um lado, ajudam a constituir a assembleia e a expressar sua identidade, e, por outro lado, dispõe entrar no coração da celebração.
Após o primeiro ato com sua dupla ação: movimento (procissão) e canto, aquele que preside, acompanhado dos outros ministros, realizam a segunda ação significativa com uma profunda inclinação ao altar e depois o presidente da celebração o beija em sinal de respeito e veneração. Pois na tradição cristã o altar é símbolo de Cristo, é Cristo, pedra angular da Igreja. O dispositivo ritual comunica mediante gestos corporais de altíssima força simbólica a participação e abertura ao mistério. Uma possibilidade é que esse gesto seja acompanhado da incenssação da cruz e altar.
“Executado o canto de abertura, o sacerdote, de pé junto à cadeira, junto com toda assembleia faz o sinal-da-cruz; a seguir, pela saudação, expressa à comunidade reunida a presença do Senhor. Esta saudação e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida. Feita a saudação do povo, o sacerdote, o diácono ou um ministro leigo, pode, com brevíssimas palavras, introduzir os féis na missa do dia” (IGMR, n. 50).
Ao traçar sobre si, juntamente com a comunidade, o sinal-da-cruz, aquele que preside a assembleia “oficializa” que convocados pela Trindade para celebrar os mistérios da redenção formamos o Corpo do Senhor, a sua Igreja. Em seguida dirige a saudação à assembleia reunida. Não é mera saudação vulgar, cotidiana (“Bom dia”), pois não é uma saudação do presidente como indivíduo que dá as boas-vindas as pessoas casualmente reunidas naquele espaço. O presidente saúda a assembleia expressando que não nos reunimos por nós mesmos, mas convocados por Deus na força de Cristo e do seu Espírito que assim constitui a Igreja.
A dupla saudação ao altar e à assembleia expressa a qualidade sacramental de ambos: o altar representa Cristo; a assembleia que é o Corpo de Cristo e, pela Eucaristia, crescerá como Corpo de Cristo.
Terminada a saudação inicial é feita a introdução à liturgia do dia. Por meio da recordação da vida se dá a associação da vida ao mistério celebrado. Recorda-se do tempo litúrgico, da realidade que vive a Igreja e o mundo, as principais intenções dos fiéis, a realidade daquela assembleia… Associando tudo isso ao mistério pascal de Cristo. Vamos agora vivenciar!
Vivência:
VIVÊNCIA – BEIJO NO ALTAR / SAUDAÇÃO (Incluindo o Sinal da Cruz)
- Preparação para a vivência do rito. No ambiente: cruz, mesa, veste para quem vai presidir, texto.
Objetivo: Vivenciar o rito, como expressão do mistério pascal no domingo, buscando a unidade entre gesto ritual, o sentido teológico e a atitude espiritual em função da participação ativa, consciente, plena e frutuosa na liturgia.
- Respiração
Inspire e expire três vezes, suavemente, mantendo leve sorriso. Siga sua respiração – Inspire leve e longamente, consciente de que está inspirando. Depois expire igualmente, consciente de que está expirando.
- Relaxamento
Inspirando, inale paz; recolha a paz que vem do ar, das árvores, do céu. Imagine os pássaros cantando, o vento brincando nas folhas das árvores. Expirando lentamente, emita ondas de paz e de amor; envolva-se nestas ondas. Nas próximas expirações, envie esta paz e este amor, ternamente, mentalmente, às pessoas à sua volta, ao bairro, ao mundo inteiro.
I ETAPA
Sensibilização – partindo do cotidiano
- A reunião, o encontro em diversos momentos da vida.
- A experiência humana de estar junto, de se reunir. Quando e porque o povo se reúne? Como a reunião, o encontro, está presente nos ritos do catolicismo popular… O grupo pode trazer sua própria experiência de se reunir, de estar junto, de se encontrar…
Tomando conhecimento do rito
BEIJO DO ALTAR: gesto – centralidade da ação ritual
SAUDAÇÃO: gesto – expressão das palavras
Reunidos em nome do Senhor: Os ritos iniciais da Missa são o momento para que juntos, os cristãos, convocados pela iniciativa, de Deus, busquem e criem um clima de entrosamento e de comunhão, no Espírito de Jesus.
O Gesto de Beijar o Altar – O beijo do Altar, feito por quem preside a celebração, logo na chegada, é um gesto significativo: o altar representa o próprio Jesus Cristo, pedra angular, rocha espiritual; o beijo expressa a íntima relação de quem preside com o Senhor, o amor pelo Cristo, pois é em nome dele que ele irá presidir a celebração eucarística.
O Sinal da Cruz e a Saudação – As pessoas se reúnem em assembleia para celebrar em “nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Isto é, em nome da Trindade (IGMR 27-28). A celebração acontece no amor de Jesus: “é a graça de Deus”. Por isso, a assembleia responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”! Com a saudação, quem preside, toma contato mais pessoal com o povo sacerdotal e o introduz na liturgia do dia. Que a saudação inicial seja feita de “coração”, carregada de sentido e de sentimento, não apenas lida ou dita de cor e de maneira impessoal. Cada pessoa deveria se sentir atingida pela saudação: É o Pai que acolhe seus filhos e filhas para um encontro, a festa da comunhão eclesial (cf. Puebla 918).
II ETAPA – Aprofundar o rito, partindo dos sinais sensíveis, para chegar à realidade significada e à atitude espiritual.
– Ler o texto em silêncio.
– Alguém lê em voz alta.
– Prestar atenção às imagens, forma e conteúdo poético, palavras-chave, estrutura…A quem se dirige? O que o texto ressalta?
– Chegada /Acolhida / Saudação:
(Chegando ao presbitério, quem preside realiza o gesto de beijar o altar e em seguida faz a saudação)
SAUDAÇÃO:
Pr.: EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO (CANTADO OU REZADO)
Todos: Amém!
Pr.: IRMÃOS E IRMÃS, QUE A GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, O AMOR DO PAI E A COMUNHÃO DO ESPÍRITO SANTO ESTEJA COM TODOS VOCÊS.
Todos: BENDITO SEJA DEUS QUE NOS REUNIU NO AMOR DE CRISTO.
III ETAPA – Vivência do rito
Expressar o sentido por meio da ação corporal (corpo, expressão, gestos, olhar…) e da atitude interior. Cuidar da autenticidade do fazer ritual. O que foi estudado deve “ganhar corpo” na vivência do rito. Realizar o rito como se fosse numa celebração de verdade.
- Breve diálogo sobre o rito
Quem faz? De que lugar? Com que gesto corporal? Em que momento da celebração? Que sentido do tempo comum emerge a partir deste rito? Que atitude o rito pede?
- Definir a forma como o rito será realizado. Realizar o rito várias vezes e por pessoas diferentes. expressando o sentido por meio da ação ritual (voz, expressão corporal) e da atitude interior.
Apresentar no plenário como se estivesse numa celebração.
Conversa
- Conversar: Houve a integração entre a pessoa e o mistério celebrado?
- “Conversa de três pontos: sentido teológico, atitude interior e gesto externo”, mais sistemática e aprofundada, sobre cada um dos elementos do rito realizados e sobre a unidade entre os três pontos, levando em conta os objetivos desta vivência.
IV ETAPA –
– Preparar-se para repetir a vivência.
– Realizar o rito como se estivesse na celebração, envolvendo o grupo todo (como assembleia).
Levantar descobertas e desafios quanto à ritualidade em nossas comunidades, paróquias, dioceses e arquidiocese.
Avaliação da vivência:
Os objetivos foram realizados? O que foi importante para cada participante? Quais foram os momentos mais proveitosos? Onde falhamos? Quais as dificuldades encontradas?
Colaboração do Pe. Geovane Inácio dos Santos,scj
Viviane Sartori
Postado em 17:03h, 30 marçoMuito bom gostei de ler e me acrescentou . Obrigada
Karein Castro Reglero
Postado em 18:59h, 30 marçoAparentemente simples apenas, muito profundo. Exige interno conectado com Cristo, descolar do cotidiano, do automatismo.
Adorei. Muito grata.