SACRAMENTO DO MATRIMONIO
O que é?
É o Sacramento que consagra, confirma e santifica por Cristo Jesus a Deus Pai, no Espírito Santo, a união plena e estável de vida, o pacto de amor entre um homem e uma mulher firmados e confirmados no Amor Cristão. Este Amor considera o seguimento de Jesus Cristo na sua Igreja (ao menos da parte Católica, no caso de um matrimônio misto em que uma das partes possa ser de outra confissão religiosa), a fidelidade até o cessar da vida terrena e a abertura plena à possibilidade de gerar e educar filhos (estes também devem ser educados para o exercício da sua constituição como pessoa e, sobretudo, na Fé Cristã Católica, sejam biológicos ou não).
Consagrados a Deus
Significa que o Matrimônio, para os cristãos (os que seguem ao Senhor Jesus Cristo na sua Igreja) é de instituição divina, ou seja, que pertence a Deus e n’Ele deve ser constituído e por Ele deve ser sustentado, regido e orientado. O ser-humano naturalmente tende a este amor conjugal, porém não é capaz de vivê-lo na sua plenitude, conforme o projeto divino – “sereis um só corpo e uma só carne” (Mc 10,8) – , por isso, há a necessidade da intervenção da Graça de Deus, uma força extraordinária para poder realizá-lo de forma a trazer ao ser-humano a sua plena realização. Esta se dá na celebração do Sacramento do Matrimônio e todo o processo que envolve o antes, durante e depois de sua realização.
União plena e estável
Os que se consagram a Deus, no seu projeto de vida conjugal, pelo Matrimônio Cristão, assumem esta numa união plena, ou seja: união sexual, união de bens, união de famílias, união de projeto de vida, onde todas as diferenças devem convergir para a complementariedade, de modo que a mútua e recíproca doação faça com que os dois cresçam e amadureçam, segundo os desígnios divinos para cada um. No modelo e na profunda intimidade do Deus Amor, unidade perfeita na Trindade, Deus-comunhão plena, e da união eterna entre Cristo e a sua Igreja, o casal vive este amor-unitário até seu ponto mais alto que é o transbordamento desse amor. Este dá-se na geração e educação de seus filhos, sejam biológicos ou não.
Esta união é estável até que ponto? “Até que a morte os separe”, ou seja, trata-se de uma consagração na mesma fidelidade de Deus com seu povo, uma fidelidade perfeita. Por isso, ao abraçar o Matrimônio Cristão, o casal precisa estar minimamente consciente, preparado e disposto a ter em vista esta meta: a graça da fidelidade. Pois, assim, eles serão a testemunha da fidelidade do próprio Deus para com seus filhos amados. O Matrimônio compreende o projeto de uma vida inteira, por isso exige um discernimento e uma preparação consistente porque se trata de uma escolha extremamente comprometedora. Evidente que os desafios da vida, após o compromisso assumido, podem trazer grandes renúncias, sofrimentos, processos muito desafiantes, porém, estes serão enfrentados e vencidos na vida a dois sempre acompanhados da graça divina. Esta graça, de modo muito eficaz, se dá, sobretudo na vida em comunidade que os cônjuges são chamados a viver e participar.
Firmados e confirmados no Amor Cristão
O Amor Cristão é o Amor de Deus revelado e derramado em todos os que são batizados em Cristo Jesus na sua Igreja. O Sacramento sempre é ação de Cristo, é Ele que, no caso do Matrimônio, une os esposos e os nutre com o mesmo amor que tem por sua Igreja. Por isso, a legitimidade dessa união deve ser acompanhada, testemunhada e aprovada pela comunidade, a Igreja, (que é o corpo místico de Cristo, sua presença perenizada na humanidade) e assistido (com a assistência) de um ministro ordenado (diácono, padre ou bispo) ou outro instituído para essa ministério de assistir aos noivos. Assim, o que o novo casal assume não se restringe apenas a um pacto entre eles em si. O Matrimônio, assumido pelo casal, não é só responsabilidade dos nubentes, mas, recai também sobre as testemunhas (quem assiste e quem testemunha presencialmente – “padrinhos” e convidados) de acompanhar, orientar, sustentar e dar toda assistência necessária ao casal para poderem assumir esta nobre missão com grande responsabilidade.
Por serem consagrados, tornam-se de propriedade e desígnio exclusivo de Deus, e ao abraçar esta condição, automaticamente, o casal está comprometendo-se com essa realidade para o seu bem e para o bem dos futuros filhos da Igreja e da sociedade, que deles terão início e origem. Por isso, este sacramento é um dos Sacramentos do Serviço. Um serviço ao Amor, pelo Amor e para o Amor. Amor que é expressão máxima da comunhão do Deus Trindade.
Um sacramento do serviço
O Sacramento do Matrimônio, dentre os sete basilares sacramentos da Fé Cristã, é o que faz parte do grupo de sacramentos chamados Sacramentos do Serviço (cf. CIC 1534-1535). Serviço de quem e para quem? Pergunta fundamental. Serviço de Cristo à sua Igreja e à humanidade. De que forma? Compondo-se família nuclear – União, no Amor divino entre esposo (homem) e esposa (mulher) e nesta união abertura a gerar e educar prole (filhos), sejam biológicos ou não.
a) A Serviço de Cristo
Desde o princípio, na criação, as Sagradas Escrituras nos revelam que, ao criar o homem e a mulher, tendo feito-os um para o outro, Deus os criou à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1 e 2). De modo que a união marital, naturalmente, já expressa uma proximidade entre o modo que Deus ama e o modo como o ser humano ama: no amor da aliança perene, fértil e progressiva entre homem e mulher, Deus, de certo modo, revela como é o seu Amor pelo seu Povo.
Na História da Salvação, desde os tempos do Antigo Testamento, encontraremos diversos momentos em que o amor entre esposo e esposa é metáfora do Amor entre Deus e seu Povo (cf. Is 55,5; Ct 4; 5). Ao mesmo tempo em que é na base familiar que Deus revela suas promessas: constituir uma família, um povo, uma nação, um reino… (cf. Os 2; Is 62; Sl 44).
No entanto, Jesus ensina-nos que, por causa da infidelidade ao projeto de Deus, o modelo de união original fora deturpado, entre outros motivos, por diversos modos poligâmicos e patriarcais de se constituir família (cf. Mt 19,18; Mc 10,5). Com a vinda de Jesus, o Cristo, Deus encarnado na humanidade, foi reestabelecida a dignidade desta união, como no princípio, assim o próprio Jesus vai tratar desta questão claramente (cf. Mt 19,18; Mc 10,5).
Jesus não se casou, porém, sua aliança de amor não só reestabeleceu a verdade original da união esponsal, como a sacramentou. Vale a pena se debruçar no episódio das Bodas de Caná e perceber que, nas entrelinhas, Ele se faz o misterioso noivo que oferece o melhor vinho. Mostrando, pela metáfora da aliança matrimonial, o sentido do “ser esposo” seu amor, sua fidelidade e seu serviço à Eterna e nova Aliança que gerará os novos Filhos de Deus para o mundo (cf. Jo 2).
O fato de Deus Pai escolher uma família para realizar o maior e definitivo gesto da sua revelação, que foi o envio do seu Filho ao mundo põe no centro da revelação o sentido e a missão serviçal da família, como aquela que constitui a nova humanidade, seja no exercício da comunhão fiel e indissolúvel, seja na participação da criação e da educação dos filhos. Assim, José e Maria se tornam ícones primazes da sacramentalização do Matrimônio na acolhida do próprio Filho de Deus em sua relação esponsal (cf. Lc 1-2; Mt 1-3). Em suma, com Jesus, por sua vida, paixão, morte e ressurreição, o Matrimônio não só recupera o status da sacralidade natural da união esponsal, mas também ganha o caráter da sacramentalidade, agora, sobrenatural. É plenamente assistido, dedicado e acompanhado com Cristo, por Cristo e em Cristo.
b) A Serviço da Igreja
Há três vocações que estão ligadas ao Serviço da Igreja e da humanidade, em nome do Senhor Jesus Cristo. Duas delas são propriamente sacramentais porque, segundo o desígnio de Cristo, requerem uma graça especial. Outra é no caráter de uma opção mais radical de viver os conselhos evangélicos. As duas primeiras são: o Matrimônio e a Ordem, a terceira é a Vida consagrada (cf. CIC 1603-1620).
Casar-se é servir à Igreja de Cristo, formando com seu cônjuge uma Igreja doméstica: ser família. O que compõe este projeto de vida em Cristo são duas coisas fundamentais: Amar como Cristo ama a Igreja – Entregando sua própria vida àquela ou aquele pelo qual sente-se atraído e, unidos a Cristo, constituir com esta pessoa uma aliança de amor. Aliança que se constitui com o testemunho do compromisso público à sua comunidade e à sociedade.
Unidos profundamente a Cristo, membros de sua Igreja, o jovem casal assume a missão de constituir uma nova célula ativa, eficaz, frutuosa da Igreja do Senhor constituindo um lar e um projeto de vida a dois. “Sereis uma só carne, crescei e multiplicai-vos, sendo fiel um ao outro, na saúde, na doença, na pobreza, na riqueza, na tristeza, na alegria, amando e respeitando mutuamente todos os dias da vida, até que a morte os separe” (cf. Ritual do Matrimônio, fórmula do consentimento).
Assim o(a) vocacionado(a) à vida matrimonial assume a vida de Cristo em sua vida. Quem celebra o Sacramento do Matrimônio, se casa, por causa de Cristo, da sua missão e ao se “casar na Igreja” assume o Matrimônio da Igreja. Ou seja, quem se casa não faz simplesmente um ato social na Igreja, mas sim, assume a missão da Igreja renunciando outros modos de vida a dois que não correspondam ao modelo original. Por isso, sacramento do serviço. Os noivos se tornam um só para serem inteiros à serviço da missão da Igreja: Anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, no testemunho diário de fidelidade, amor, comunhão e participação na obra da criação e seu aprimoramento, na formação de uma sociedade justa e fraterna (cf. CIC 1638-1658).
c) A Serviço ao Mundo
O casal, por assumir este serviço sacramental de Amor na união entre si e na participação de gerar novas vidas e educá-las, é presença da Igreja onde a Igreja (institucionalmente) não alcança. No mundo do trabalho, associações, grupos de famílias, escolas, universidades… Nos diversos espaços sociais, os casais, as famílias testemunham Jesus Cristo vivo, presente e atuante no mundo pelos gestos de: hombridade, honestidade, fidelidade, respeito, companheirismo, dedicação, entrega, amor e serviço mútuo (cf. CDSI 213-214).
O Matrimônio na sua sacralidade, vivido com plena consciência, por assim dizer, torna-se o grande fermento de novas relações sociais mais fraternas, amorosas, humanizadas, pois onde há um casal de esposos que lutam por crescer na santificação há a construção de um mundo de paz, esperança, reconciliação, tolerância e solidariedade, um mundo verdadeiramente Cristão.
Quem pode receber este sacramento?
– Homens a partir dos 18 anos completos e mulheres a partir dos 16 anos completos, que desejam assumir o Serviço do Sacramento do matrimônio, sejam devidamente preparados e acompanhados em todas as suas fazes: Namoro, Noivado, Matrimônio e Pós-Matrimônio (esse processo pode variar muito de paróquia para paróquia onde não há uma diretriz da diocese ou arquidiocese, neste aspecto). Há uma possibilidade de pessoas com menos idade, a partir dos 16 para rapazes e 14 para moças, em situações que há uma autorização especial do bispo diocesano e dos pais. Porém, na atual conjuntura é muito raro, dadas circunstâncias sociais, culturais entre outros fatores que precisam garantir a responsabilidade que o vínculo exige;
– Devem estar aptos, conscientes e dispostos a acolherem filhos;
– Ter as motivações e firme propósito do compromisso de amor para toda a vida que irão assumir;
– Estarem livres, conscientes e em plenas condições psíquico-afetivas para poder decidir com responsabilidade este caminho;
– Precisam estar em dia com os Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia);
– Se uma das partes não for Católica, esta deve acolher a Celebração na Igreja, mesmo não abraçando a Fé Católica, porém com os mesmos consentimentos do Matrimônio Cristão: amor verdadeiro e sincero, perenidade na união de vida, e abertura a ter filhos e educá-los na Fé Católica.
– Precisam passar pelo acompanhamento ou curso preparatório, conforme a organização da paróquia em que vai realizar o processo.
– Caso não tenham recebido os Sacramentos da Iniciação, precisam passar pelo processo para sua recepção antes da Celebração do Matrimônio.
– Fazer o devido processo junto à Paróquia próxima da sua casa, que para a Igreja, é sua paróquia de referência.
– Não pode estar em união estável com nenhuma pessoa além do cônjuge a quem irá celebrar o sacramento, nem mesmo em situação irregular de divórcio, separação ou em processo de reconhecimento da nulidade (no caso da Igreja).
A Celebração
– Trata-se de um Rito belo, simples e breve. Há diversas modalidades, das quais, a primeira e que deveria ser a mais usual é a Celebração realizada dentro da Santa Missa Dominical.
Para saber mais acesse este link: http://www.liturgia.pt/rituais/Matrimonio.pdf
– Porém, o modelo de celebração mais comum é o Rito Extraordinário e fora da Santa Missa. Que consiste em quatro momentos fundamentais: Ritos Iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Sacramental e Ritos Finais.
Casamentos no Santuário
Para saber mais sobre este sacramento, encaminhar processos e procurar acompanhamento pastoral entre em contato com a Secretaria de Casamentos.
Telefone: (11) 3504-5700
E-mail: casamentos@saojudas.org.br
Aprofundamento
PARA APROFUNDAMENTO COM SEU FUTURO CÔNJUGE, SEGUEM SUGESTÕES DE LIVROS E SITES:
Mais do que as preparações formais, que no escopo geral se percebe muitas lacunas, é muito importante, dada a seriedade da decisão a ser tomada para este vínculo de vida matrimonial, uma leitura atenta e pessoal das sugestões que aqui deixamos:
Ritual para a Celebração do Matrimônio http://www.liturgia.pt/rituais/Matrimonio.pdf
Catecismo da Igreja Católica http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap3_1533-1666_po.html#ARTIGO_7_
Código de Direito Canônico http://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf
Canônes de 1055 – 1165